domingo, janeiro 21, 2018

NAHIM: "JÁ ATÉ PEDI PERDÃO AO GAROTINHO, MAS ELE NÃO ME ATENDEU"

O suplente de deputado federal, Nelson Nahim, deve assumir uma vaga na Câmara Federal, nesta semana, com a saída da deputada Cristiane Brasil para a vaga de titular da pasta do Trabalho. Em entrevista ao jornalista, Ocinei Trindade, do Terceira Via e ao vereador Cláudio Andrade, Nahim rasga o verbo. Leia:



Nahim em gestos e palavras

Entrevistado pela 3ª VIA TV, o político fala de sua condenação por abuso de menores, injustiça e a briga com o irmão Garotinho

GERAL 
POR OCINEI TRINDADE
 
21 DE JANEIRO DE 2018 - 0h47
(Foto: Silvana Rust)
Condenação, prisão, pedofilia, defesa, Garotinho, família, política, futuro… Desde que teve seu nwome envolvido no caso “Meninas de Guarus”, em 2009, a vida pessoal e política de Nelson Nahim nunca mais foi a mesma. O ex-presidente da Câmara de Vereadores e também ex-prefeito de Campos dos Goytacazes, atualmente é suplente de deputado federal e deve ocupar uma cadeira na Câmara agora que o Supremo Tribunal Federal (STF) emitiu a liminar neste sábado (20) permitindo que a deputada Cristiane Brasil assuma o Ministério do Trabalho do governo Temer.
Nahim foi condenado a 12 anos de prisão por estupro de vulnerável, coação no curso do processo e exploração sexual de adolescentes. Nahim discorda da sentença e se diz inocente. Em entrevista a Cláudio Andrade no programa A Polêmica da Terceira Via TV, Nahim soltou o verbo.
Esperando
No início do ano, o nome de Nelson Nahim (PMDB-RJ) voltou a se destacar na mídia devido à nomeação da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ) para o Ministério do Trabalho. Nahim é o segundo suplente da congressista que ainda não conseguiu tomar posse como ministra por impedimento na justiça. Ela foi condenada em ações trabalhistas e tenta tomar posse por meio de recursos judiciais. “É um absurdo que ela não tenha tomado posse. Qualquer empresário do país pode sofrer ação trabalhista e ela já se acertou com a justiça. Não há nada de imoral, nem ilegal ela ser ministra indicada pelo presidente da República”, opina Nahim.
(Foto: Silvana Rust)
A provável convocação de Nelson Nahim para assumir o mandato de deputado federal tem repercutido na imprensa e nas redes sociais. Muitos internautas têm se manifestado até com campanhas de abaixo-assinado contra sua posse, por ele ter sido condenado pela justiça pela acusação de crimes relacionados à pedofilia.
“Este processo é um absurdo, assim como foi minha condenação. Como posso ser acusado de estupro sem ter provas de quem se diz estuprado? Quem leu os autos do processo sabe que não tem cabimento essa acusação do MPE. Não concordo com a condenação da juíza Daniela Assunção, e estou recorrendo da sentença. Vou provar que sou inocente e processar o Estado pelos danos morais e materiais causados a mim e à minha família ”, revela Nelson Nahim que chegou a ficar preso no Complexo de Bangu, na capital, por cinco meses, mas que ganhou liberdade graças a um habeas corpus.
Condenado
Ao todo, a Justiça condenou 14 pessoas acusadas de envolvimento com menores de idade à época. No programa de televisão A Polêmica, o apresentador Claudio Andrade quis saber como Nahim teve seu nome envolvido no processo que apontou a participação dele, e também de empresários e políticos no caso “Meninas de Guarus”. Segundo o ex-presidente da Câmara de Vereadores e ex-prefeito de Campos, alguém se passava por ele.
“Uma testemunha que mudou a versão várias vezes caiu em contradições. Ela disse que alguém telefonava se dizendo Nelson Nahim, e pedia para sair com uma garota.
(Foto: Silvana Rust)
No entanto, eu não fui reconhecido por ela, porque nunca estive com ela pessoalmente antes. Nunca fiz programas do tipo, nem levei menores de idade para meu sítio para praticar sexo, fui acusado até de querer abrir bordel em Macaé e em Campos, e nada disso é verdade. Eu já fui confundido fisicamente com meu irmão e com outras pessoas. Até recebi cobrança de um mecânico, pois um homem desconhecido se passou por mim. O que afirmo é que sou inocente, e que essa acusação tratou-se de uma perseguição política orquestrada”, afirma.
Quando questionado sobre quem poderia querer prejudicá-lo politicamente, Nelson Nahim pondera em citar nomes diretamente. Ele afirma não ter provas de quem poderia querer atingí-lo, mas suspeita de quem quisesse fazê-lo. Nahim não esconde a mágoa que sente do irmão, o ex-governador Anthony Garotinho, de quem se afastou há seis anos por problemas de relacionamento e por troca de acusações envolvendo interesses e disputas eleitorais.
Nahim, quando presidente da Câmara, substituiu Rosinha Garotinho na Prefeitura de Campos em 2010 durante seis meses, período em que ela teve o mandato cassado pelo TRE por abuso de poder econômico na eleição de 2008. Naquele período, houve possibilidade de se convocar novas eleições, e Nahim pretendia disputar o pleito, mas Garotinho foi contra, afirmou.
“As pesquisas indicavam que eu fui bem avaliado como prefeito durante os seis meses que estive no cargo. Eu estava no auge da minha carreira política. Quem me fez essa acusação de estupro, fez por maldade e com a finalidade de me prejudicar. Houve um orquestramento político, não duvido, mas não tenho provas. Quando fui preso a primeira vez, fui levado sem saber o motivo da prisão. Não tenho provas, mas desconfio de algumas “coincidências” que aconteceram.
Garotinho
Nelson Nahim relembrou de uma reunião no dia 13 de dezembro de 2010, quatro dias antes de sua primeira prisão. “Estavam lá, entre outros, Garotinho, Roberto Henriques e Geraldo Pudim que tinham sido eleitos para a Alerj. Eu queria ser candidato a prefeito, mas Garotinho disse que eu não seria, pois eu estava bem nas pesquisas, e eu poderia prejudicar Rosinha e a ele durante o julgamento da cassação do mandato dela. Queria que eu fizesse manifestação em frente ao fórum contra o afastamento dela. Brigamos duramente. Não posso afirmar que ele agiu diretamente contra mim, mas alguém próximo dele eu suspeito”.
De acordo com a fala de Nelson Nahim, Anthony Garotinho se afastou de vários membros da família. “Nossa mãe está viva e lúcida, e evitamos tocar nesse assunto com ela. Não estou aqui para crucificar Garotinho, mas ele arruma confusão com todo mundo que discorda dele. Pensa em política 24 horas por dia, e tem que ser tudo do jeito dele.
Eu tenho provas que Rosinha não queria se candidatar à reeleição para prefeitura. Ela queria que eu fosse o candidato, mas ele foi contra. Ao longo da vida, Garotinho me prejudicou em vários momentos. Ele não queria Rogério Mattoso na presidência da Câmara, por exemplo, e queria que eu trabalhasse contra Rogério, o que eu discordei. Garotinho nos pede para fazer coisas absurdas. A mídia costuma perseguir Garotinho, sim, eu concordo. Ele briga com todo mundo. E o que é negativo sobre ele respinga em mim. Quando querem me atacar, me chamam de o irmão de Garotinho”, reclama.
Brigas
Se brigas familiares afetam a política ou se a política afeta as relações familiares, os membros da família Matheus de Oliveira têm sobrevivido sob a vigilância e comentários de eleitores, principalmente em tempos de redes sociais digitais “A política em nosso país é muito suja e as redes sociais podem ajudar a destruir uma pessoa”, afirma Nahim. Também não faltam críticas ao judiciário e ao sistema prisional que conheceu de perto durante os cinco meses que esteve no cárcere, em Bangu:
“Eu me sinto injustiçado. Me chamam de estuprador nas redes sociais. Isso me fere e à minha família, pois não é verdade sobre o que me acusam. Conheci na prisão diversas pessoas presas injustamente em primeira instância. Ninguém é perfeito, mas um juiz também pode errar. Ainda bem que há recursos em instâncias superiores. A prisão brasileira no geral é muito ruim. Eu, por ter curso superior (Nahim, é formado em Direito), ainda fiquei em situação melhor, não tive problemas na prisão, a não ser com a comida que é horrível. Perdi 18 quilos na prisão”, conta.
Além de peso, Nelson Nahim diz que perdeu patrimônio. Vendeu propriedades e se desfez de lojas que possuía para pagar advogados que cuidam de sua defesa nos tribunais. Disse que quando for comprovada sua inocência, entrará na Justiça contra o Estado pelos danos que têm enfrentado. Nahim confessa temer ser preso novamente. “Não descarto a possibilidades, pois neste país, coisas esdrúxulas acontecem a todo instante”, critica.
Diante de tantos fatos negativos envolvendo a família Garotinho e a família de Nelson Nahim, o que esperar do futuro político de ambas? Nahim só comenta sobre suas prioridades atuais que, segundo ele, não estão relacionadas à política. “Minha mulher enfrenta um câncer raro, e estamos eu e meus filhos unidos em torno do tratamento dela. Mesmo doente, ela me apoia, sempre esteve do meu lado. Sinto falta da rotina política.
Ainda não sei se irei me candidatar este ano. Vai depender de muitas coisas, inclusive do próximo julgamento sobre o meu caso. Não temo rejeição nas urnas, pois me considero legal e moralmente apto a concorrer”, revelou.
Política
Na política, dizem, não existem amizades, e sim, alianças. Porém, em se tratando de dois irmãos rivais na política, será possível uma reconciliação? Nelson Nahim diz que Anthony Garotinho sabe o irmão que tem, e que foi vítima de uma armação a respeito da acusação de estupro. “Não desejo mal a ele, não vibrei com sua prisão. Porém, Garotinho não admite o fato de eu ter apoiado a campanha de Luiz Fernando Pezão para governador, e este ter sido eleito. Garotinho não conseguiu chegar ao segundo turno. Isto deve estar atravessado na garganta dele. Eu costumo mandar mensagens de natal e de aniversário para ele, mas nunca recebi resposta. Já até pedi perdão, se algum mal eu cometi, mas ele não me responde”.
Se “o silêncio é uma grande sabedoria” como apregoa o ditado árabe, o sábio tempo haverá de responder a todos os citados nos fatos relatados. Inclusive Nelson Nahim.

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