quarta-feira, maio 31, 2017

ABRIGO JOÃO VIANA COM RISCO DE FECHAR

Terceira Via


Abrigo João Viana está quase desabrigado

Prestes a completar 70 anos, instituição passa por dificuldades e seria uma insanidade fechá-lo

CAMPOS 
POR REDAÇÃO
 
30 DE MAIO DE 2017 - 16h44
hospital-abrigo-joao-viana-silvana-rust-92Prestes a completar setenta anos, o Hospital Psiquiátrico Espírita Dr. João Viana pode estar com os dias contados. As dívidas são muitas e a diretoria não vê solução. Seus trabalhos iniciaram na década de 50 como um abrigo para atendimentos aos casos de loucura. Os espíritas se revezavam nos cuidados diretos àqueles que eram recolhidos das cadeias públicas. O tempo passou, as modificações se fizeram necessárias e então o abrigo foi sendo transformado em um hospital com atendimento humano, mas também especializado e organizado. A instituição tem lutado para cumprir a missão e, se encerrar, deixar um legado de amor ao próximo. O Hospital Psiquiátrico atende Campos e mais nove municípios vizinhos.
Assistindo a 87 pacientes portadores de patologias psíquicas como esquizofrenia, depressão, psicose maníaca depressiva, entre outros. Com uma grande equipe multidisciplinar e apoio, são 97 funcionários trabalhando persistentemente para o local se manter. As despesas mensais geram em torno de R$ 380 mil reais.
O hospital oferece atendimento gratuito, além de médicos, psicólogos, assistentes sociais, nutricionista, enfermagem. E conta ainda com uma estrutura de atendimento ambulatorial, refeitório, cozinha e lavanderia. Em 1968 passou a receber recursos do Governo Federal, através do Inamps, que hoje é reconhecido como INSS. E de 2009 pra cá essa verba passou a ser complementada pela Prefeitura de Campos com 63% do valor, mas que ao final das contas, o total chega a R$ 275 mil, o que deixa o hospital sempre no vermelho e com a grande possibilidade de fechar as portas. “Mesmo com os recursos que o Ministério da Saúde e a prefeitura nos repassam, não da para realizar todas as atividades. Estamos sobrevivendo nos últimos quatro anos graças à sociedade civil, que doa todos os alimentos e o material de limpeza.
Sem eles, nossos problemas financeiros seriam ainda maiores. Fico triste em dizer isso, mas o hospital provavelmente daqui a uns dois a três meses irá fechar as portas para a internação de pacientes”, relata José Rolando Muniz da Rocha – assistente jurídico e administrador. No local, os pacientes além de receberem toda assistência médica e interdisciplinar, participam também de diversas oficinas como, por exemplo, música, culinária, bijuteria, artes e atendimento à família. Alguns assistidos realizam trabalhos extra hospitalares, com visitas a cinemas, instituições e arquivos públicos.
hospital-abrigo-joao-viana-maxuwel-silvana-rust-13O hospital oferece também a Rádio Esperança, onde todas as quintas- feiras, os assistidos participam de programas de calouros, fazendo com que eles trabalhem a mente. “Acompanhamos os pacientes que ficam internados. Tentamos fazer com que a família entenda que a presença deles é importante e todo este tratamento é necessário para dar continuidade fora do hospital. Na verdade, a grande barreira que encontramos é não possuirmos leitos nos hospitais gerais, para conseguirmos fazer a internação desses pacientes. Nenhum hospital geral aceita, pelo estigma que será agressivo e trabalhoso. Estamos trabalhando isso de forma gradativa. Almejamos é que a rede de saúde mental seja realmente ampliada e que as pessoas entendam o trabalho fora do hospital, feito fora daqui com assistência dos Caps e ambulatórios e principalmente com a ajuda da família”, informa a psicóloga, Lívia Freire Aragão.
O administrador Rolando diz que nos últimos dias o Abrigo Dr. João Viana tem realizado diversas reuniões com a Secretaria de Saúde para estabelecer um plano de desinstitucionalização de pacientes. “Uso sempre esta frase e acho que ela é correta – colaborar para o inevitável – sabemos do problema, eu conheço os dois lados da história, mas preciso ser realista. Por mais que seja difícil. As pessoas tem ideias equivocadas sobre um paciente portador de patologia psíquica. A maioria pensa que eles são agressivos. Não são. Pelo contrário, são dóceis e vítimas dos agressores. O paciente precisa se reintegrar à sociedade. São poucas as famílias que querem ter uma pessoa em casa com essa realidade. Sou realista e com todos os problemas não conseguimos ver solução, daqui a uns três anos acredito que não existirá mais o Hospital Psiquiátrico, com este modelo de atendimento. A saúde mental, isso precisa mudar, as pessoas precisam ser mais humanas”, finalizou o administrador.
“Programa Amigos do João Viana”
O Hospital Psiquiátrico realiza há três anos o programa Amigos do João Viana, onde a sociedade civil, que deseja ajudar a instituição, pode depositar qualquer valor para que o local tenha mais uma fonte de renda e consiga se manter. Além disso, quem desejar, pode emitir boletos na sede da instituição, que fica localizada a Rua Machado de Assis, 49, Parque Rosário.
Caixa Econômica FederalAg: 0180Conta: 1433-2Liga de Campos Espírita

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