terça-feira, fevereiro 21, 2017

MPF DENUNCIA CABRAL POR MAIS 148 CRIMES DE LAVAGEM DE DINHEIRO






O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-governador Sérgio Cabral, seu ex-assessor Ary Filho, e Carlos Miranda, um de seus operadores financeiros por lavagem de dinheiro. De acordo com os procuradores, Cabral praticou o crime em 148 oportunidades. Anteriormente, o ex-governador havia sido denunciado por 184 atos de lavagem. Se a denúncia desta terça-feira (21) for aceita, serão 332 crimes, apenas de lavagem de dinheiro em duas denúncias, praticados pelo ex-governador.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, analisa a denúncia. Se o magistrado aceitar o parecer dos procuradores, o ex-governador se tornará réu pela quinta vez. São quatro processos na Justiça Federal, do Rio, e um na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, com o juiz Sérgio Moro.
O ex-governador Sérgio Cabral presta depoimento nesta tarde de terça-feira, no Tribunal de Justiça do Rio. Preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio, Cabral está sendo denunciado no mesmo dia em que prestou depoimento por teleconferência sobre o uso irregular de helicópteros enquanto foi governador do Rio.
Ary Filho, ex-assessor de Cabral, também foi denunciado por pertencer à quadrilha, que de acordo com o MPF, seria liderada pelo ex-governador. A denúncia desta terça é resultado da Operação Mascate, deflagrada em janeiro.
O que diz a denúncia
A investigação aponta que Sérgio Cabral, Ary Filho e Carlos Miranda usaram três formas distintas de lavagem de dinheiro em 148 oportunidades: transferências bancárias de empresas para a empresa GRALC/LRG Agropecuária, de propriedade de Carlos Miranda. Assim, se justificaria a prestação de serviços inexistentes.
Além disso, o grupo compraria veículos para a organização criminosa através de empresas de um colaborador e a compra de imóveis para a quadrilha.
Procuradores que integram a força-tarefa Lava Jato no Rio explicam que a nova denúncia contra o ex-governador trata dos crimes praticados no Brasil e tem relação com Ary Filho.
“Diante da grandiosidade do esquema criminoso, não esgota todos os crimes de lavagem de dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias”, explicam os procuradores da República Leonardo de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato Oliveira, Rodrigo Timóteo, Jesse Ambrosio dos Santos Junior, Rafael Barreto, Sérgio Pinel e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia.
Os crimes de lavagem de dinheiro cometidos pela quadrilha foram descobertos a partir de colaboração premiada. Nos depoimentos, foram apresentadas provas de transações no valor de R$ 10,17 milhões, ocorridas entre 30 de agosto de 2007 e 28 de setembro de 2015. A conclusão dos procuradores é que os integrantes do grupo pretendiam converter a propina em ativos de aparência lícita.
Bens de luxo
A denúncia mostra que o grupo lavou R$ 3,4 milhões pagos à GRALC/LRG Agropecuária e que foram apresentados como uma consultoria. Os procuradores e a Polícia Federal descobriram ainda que os integrantes do esquema ocultaram a propriedade de um Camaro 2SS conversível, avaliado em R$ 222,5 mil e de uma Grand Cherokee Limited, avaliada em R$ 212,8 mil.
Sete imóveis no valor de R$ 6,3 milhões em diferentes bairros do Rio também estão neste esquema de lavagem da quadrilha, de acordo com o MPF. Ary Filho seria o responsável pela entrega do dinheiro em espécie, que depois era utilizado pelos colaboradores para pagar os serviços de fachada e adquirir os carros e imóveis em nome de suas próprias empresas.
O que dizem os denunciados
Os advogados do ex-governador Sérgio Cabral não irão se pronunciar sobre o assunto.
O advogado Daniel Raizman, que defende Carlos Miranda, disse que o seu cliente "vai esclarecer os fatos no curso do processo".

Já Marco Aurélio Assef, que defende Ary Filho, destacou que o seu cliente é funcionário público concursado e que ele nega participação em organização criminosa sobretudo para prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. "Não tomamos conhecimento formal da denúncia ainda", disse Assef.

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