O Ministério
Público Federal (MPF) denunciou o ex-governador Sérgio
Cabral, seu ex-assessor Ary Filho, e Carlos Miranda, um de seus
operadores financeiros por lavagem de dinheiro. De acordo com os procuradores,
Cabral praticou o crime em 148 oportunidades. Anteriormente, o ex-governador havia sido denunciado por 184 atos
de lavagem. Se a denúncia desta terça-feira (21) for aceita,
serão 332 crimes, apenas de lavagem de dinheiro em duas denúncias, praticados
pelo ex-governador.
O juiz Marcelo
Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, analisa a denúncia. Se o magistrado
aceitar o parecer dos procuradores, o ex-governador se tornará réu pela quinta
vez. São quatro processos na Justiça Federal, do Rio, e um na 13ª Vara Federal
Criminal de Curitiba, com o juiz Sérgio Moro.
O ex-governador
Sérgio Cabral presta depoimento nesta tarde de terça-feira, no Tribunal de
Justiça do Rio. Preso no Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do
Rio, Cabral
está sendo denunciado no mesmo dia em que prestou depoimento por teleconferência sobre o uso irregular de
helicópteros enquanto foi governador do Rio.
Ary Filho,
ex-assessor de Cabral, também foi denunciado por pertencer à quadrilha, que de
acordo com o MPF, seria liderada pelo ex-governador. A denúncia desta terça é
resultado da Operação Mascate, deflagrada em janeiro.
O que diz
a denúncia
A investigação
aponta que Sérgio Cabral, Ary Filho e Carlos Miranda usaram três formas distintas
de lavagem de dinheiro em 148 oportunidades: transferências bancárias de
empresas para a empresa GRALC/LRG Agropecuária, de propriedade de Carlos
Miranda. Assim, se justificaria a prestação de serviços inexistentes.
Além disso, o
grupo compraria veículos para a organização criminosa através de empresas de um
colaborador e a compra de imóveis para a quadrilha.
Procuradores
que integram a força-tarefa Lava Jato no Rio explicam que a nova denúncia
contra o ex-governador trata dos crimes praticados no Brasil e tem relação com
Ary Filho.
“Diante da
grandiosidade do esquema criminoso, não esgota todos os crimes de lavagem de
dinheiro cometidos no Brasil, nem tampouco todos os fatos praticados pelo
grupo, que poderão ser objeto de novas denúncias”, explicam os procuradores da
República Leonardo de Freitas, José Augusto Vagos, Eduardo El Hage, Renato
Oliveira, Rodrigo Timóteo, Jesse Ambrosio dos Santos Junior, Rafael Barreto,
Sérgio Pinel e Lauro Coelho Júnior, que assinam a denúncia.
Os crimes de
lavagem de dinheiro cometidos pela quadrilha foram descobertos a partir de
colaboração premiada. Nos depoimentos, foram apresentadas provas de transações
no valor de R$ 10,17 milhões, ocorridas entre 30 de agosto de 2007 e 28 de
setembro de 2015. A conclusão dos procuradores é que os integrantes do grupo
pretendiam converter a propina em ativos de aparência lícita.
Bens de
luxo
A denúncia
mostra que o grupo lavou R$ 3,4 milhões pagos à GRALC/LRG Agropecuária e que
foram apresentados como uma consultoria. Os procuradores e a Polícia Federal
descobriram ainda que os integrantes do esquema ocultaram a propriedade de um
Camaro 2SS conversível, avaliado em R$ 222,5 mil e de uma Grand Cherokee
Limited, avaliada em R$ 212,8 mil.
Sete imóveis no
valor de R$ 6,3 milhões em diferentes bairros do Rio também estão neste esquema
de lavagem da quadrilha, de acordo com o MPF. Ary Filho seria o responsável
pela entrega do dinheiro em espécie, que depois era utilizado pelos
colaboradores para pagar os serviços de fachada e adquirir os carros e imóveis
em nome de suas próprias empresas.
O que
dizem os denunciados
Os advogados do
ex-governador Sérgio Cabral não irão se pronunciar sobre o assunto.
O advogado
Daniel Raizman, que defende Carlos Miranda, disse que o seu cliente "vai
esclarecer os fatos no curso do processo".
Já Marco
Aurélio Assef, que defende Ary Filho, destacou que o seu cliente é funcionário
público concursado e que ele nega participação em organização criminosa
sobretudo para prática de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. "Não
tomamos conhecimento formal da denúncia ainda", disse Assef.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe sua opinião