terça-feira, agosto 30, 2016

TRAGÉDIA NA BARRA: UMA TRISTEZA SEM FIM

O Dia:

VIZINHOS FAZEM VIGÍLIA E REZAM POR FAMÍLIA ASSASSINADA EM CONDMÍNIO NA BARRA



Moradores do condomínio fizeram preces pela família. A barbárie é inadimíssivel e difícil de acreditar pelos vizinhos. Ainda na manhã de ontem, agentes da Divisão de Homicídios encontraram pistas no local do crime: uma faca, a tela de proteção da varanda rasgada, por onde as crianças foram arremessadas, e uma carta escrita pelo homem que tirou a vida de sua família.

Porteiro do prédio há 14 anos, Wilton Santos contou que as vítimas eram tranquilas e nunca ouviu falar de problemas envolvendo o casal. "Eu vi as crianças ainda na barriga da mãe. A família era muito tranquila. O pai era reservado e sério, mas ela era uma mulher muito extrovertida e simpática. Nunca ouvimos sinais de brigas ou algo que desabonasse a conduta deles aqui. Ele (Nabor) sempre descia para brincar com os meninos, eles jogavam bola aqui. Ninguém esperava isso. Fomos pegos de surpresa", afirmou.


"Eu acordei 6h20 para chamar o menino para a escola. Ouvi os barulhos, como se fossem de tiro e chamei a minha patroa, disse que estava acontecendo alguma coisa. Olhei pela janela e vi o primeiro corpo. Eu a chamei e, quando olhei para baixo, vi os outros dois corpos", contou a doméstica Lucina Salviano da Silva, que trabalha no condomínio.

Marcia Kandelman, que mora no prédio de 23 andares, disse que estava em casa com o marido quando ouviu gritos por volta de 6h30. Ela afirmou ter a impressão de que as crianças foram jogadas vivas pela janela, já que a rede de proteção do apartamento estava rasgada.

A Delegacia de Homicídios, que investiga o caso, não descarta nenhuma hipótese para o crime. Mas o delegado Fábio Cardoso admite, porém, que a mais provável seja triplo homicídio seguido de suicídio. Nabor teria assassinado a esposa e, em seguida, jogado as crianças pela janela para um minuto depois também se atirar de uma altura de 60 metros.



Lais Khouri, 48 anos, foi morta a facadas pelo marido. Após o crime, ele jogou os dois filhos pela janela e se matou

No quarto dos meninos também foram encontrados uma marreta e um estilete, que podem ter sido usados pelo pai no crime.

Uma carta que teria sido escrita por Nabor também está sendo analisada pelos policiais. Nela, estão relatadas dificuldades financeiras e profissionais vividas pelo casal, além dos problemas de saúde de Laís (que tinha esclerose múltipla) e de Arthur (que sofreria de problemas no coração).

Nabor trabalhou até o mês passado na empresa de telefonia Tim, mas se desligou para abrir sua própria empresa, a N Reach Consultoria de Sistemas, em busca de salário maior, que cobrisse as despesas familiares.

“Me preocupa muito deixar minha família na mão. Sempre coloquei eles (sic) à frente de tudo ante essa decisão arriscada para ganhar mais. Mas está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família. Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão, mas melhor acabar com tudo logo e evitar o sofrimento de todos”, diz trecho da carta.

O delegado Fábio Cardoso, no entanto, preferiu aguardar o exame grafotécnico antes de afirmar que a carta foi escrita por Nabor. “Pelo que conversamos com parentes, ele vinha se queixando de insatisfação no trabalho, mas não de problemas financeiros. E também não há histórico de problemas psicológicos”, afirmou Fábio Cardoso.

Vizinhos e amigos da família ficaram chocados a tragédia. No condomínio, ninguém havia percebido brigas entre o casal ou com os filhos. Também não havia indícios de envolvimento com drogas e álcool. “Era um casal tranquilo. Ele era mais sério. Ela, mais extrovertida, brincalhona. Vi as crianças ainda na barriga. Ninguém aqui entendeu nada. É um dia muito triste”, contou o porteiro Wilton Santos, que trabalha no condomínio há 15 anos.



A carta

Leia na íntegra:

Me preocupa muito deixar minha família na mão. Sempre coloquei eles à frente de tudo ante essa decisão arriscada para ganhar mais. Mas está claro para mim que está insustentável e não vou conseguir levar adiante. Não vamos ter mais renda e não vou ter como sustentar a família".

"Sinto um desgosto profundo por ter falhado com tanta força, por deixar todos na mão. Mas melhor acabar com tudo isso logo e evitar o sofrimento de todos".

"Ainda não conseguimos contratar o novo plano de saúde. (...) Com o histórico médico de Lais e de Arthur, será que aprovam? Será que não vai ficar super caro?".

Dívida

Nabor tinha uma dívida de R$ 20 mil com uma empreiteira. O mesmo valor também é cobrado a cada um dos donos das unidades no condomínio Villa Mare, na Barra Da Tijuca, onde o ex-funcionário da TIM possuia um apartamento. A divida impedia a venda do imóvel, mas não o impedia de alugar ou residir no local. A advogada responsável pela ação Bruna Kamarov, de 32 anos, não acredita que haja uma relação entre a divida e o caso. "A ação é de 2012. Ele era preocupado, mandava e-mails constantemente, mas sempre agiu de forma muito normal", contou Bruna.

Segundo a advogada, o valor cobrado pela empreiteira não passou por avaliação de pré-aprovação em assembleia e, por isso, é questionado. Também afirmou não considera a cobrança devida e que ainda aguarda a sentença favorável à todos os condôminos. Bruna também é advogada de outros moradores do prédio, que também contestam o valor na justiça. Ela disse ainda que Nabor tinha um bom relacionamento com todo grupo de donos.

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