terça-feira, outubro 21, 2014

O DESLEIXO PÚBLICO COM A ARTHUR BERNARDES

(por e-mail))

Há cerca de um mês, foi inaugurado o terceiro trecho da Avenida Arthur Bernardes, possibilitando novo vetor de desenvolvimento para a cidade de Campos. Na ocasião, fizemos algumas considerações em relação aos setenta anos de sua idealização, precisamente no Plano Urbanístico de 1944, que pode ser visto aqui: http://blogfernandoleite.blogspot.com.br/2014/09/avenida-arthur-bernardes-70-anos.html

Nesta oportunidade, entretanto, vimos destacar alguns problemas que podem comprometer o uso da Avenida Arthur Bernardes, após os setenta anos de seu planejamento, onde as possibilidades para melhoria da mobilidade urbana, correm o risco de não serem confirmadas pela tendência de o cenário ser assemelhado ao da Avenida 28 de Março, que apresenta colapso viário, elevados índices de acidentes e graves conflitos entre os modais viários, configurado sobretudo pela permanência das indesejáveis carroças movidas por animais, gerando riscos e comprometendo a fluidez do tráfego.

No caso da Avenida Arthur Bernardes, executada em trechos ao longo de setenta anos, nos vazios urbanos as ocupações apresentam, também, possibilidades de serem intensas, seja pelo uso, comercial especialmente, ou pelo potencial construtivo já com exemplos de verticalização, no trecho recém inaugurado, conforme fotos anexo. Porém, a questão principal é relativo as áreas públicas dos recuos frontais a partir do alinhamento dos meios-fios e calçadas, estas que segundo a Lei 7975/2008 (Parcelamento), por ser via arterial a dimensão deve ser de 6,00m (seis metros). Em nenhum trecho da Avenida Arthur Bernardes as calçadas possuem 6,00m, na maioria possuem tímidos 2,50m (dois metros e cinquenta centímetros) sem recuo frontal dos imóveis, que certamente comprometerá a segurança e a mobilidade dos pedestres pela intensidade do uso, correndo sérios riscos devido a falta de ordenamento, com tendências de apresentar trechos restritos como alguns da Avenida 28 de Março, ainda sem nenhuma qualidade ambiental.

Outros aspectos relativos as características deste vetor de desenvolvimento urbano, diz respeito ao excessivo número de sinais luminosos, retendo a circulação em um corredor arterial, chegando ao absurdo de haver um implantado na rotatória em frente a UENF. Para entendermos isso, é necessário explicar o que são as rotatórias. Estas, oriundas do movimento urbanístico europeu denominado "traffic-calming", em fins da Década de 1960, foram criadas para dar fluidez e segurança ao fluxo viário permitindo que nos cruzamentos em nível os veículos continuem a circular sem que haja retenção, em velocidade reduzida, priorizando quem encontra-se em seu interior. Mas na rotatória frontal ao acesso à UENF, os veículos estão sendo retidos (ver foto) em perigosa situação, pois, ao longo do dia partes destes ficam vulneráveis a acidentes por terem a sua traseira no leito de circulação da Avenida Alberto Lamego, que também é arterial de grande intensidade de fluxo.

Como se não bastassem as desconformidades urbanísticas, os motoristas, muitos deles migrados da Avenida 28 de Março, estão expostos a acidentes por colisão com animais, como os cavalos que andam soltos durante grande parte do dia, conforme foto. Fazemos o apelo para que o IMTT e a Guarda Civil Municipal intensifiquem a vigilância e instruam os motoristas no uso deste logradouro que possui características particulares devido aos riscos e ajustes necessários conforme os problemas citados, para que haja pleno uso deste necessário corredor viário importante para a mobilidade urbana, onde, espera-se haja planos de uso do transporte coletivo com corredores exclusivos, rápidos e seguros distantes do "modelo indiano" da Avenida 28 de Março.

Outro apelo, se refere as vias de retorno. Que seja pensado a implantação conforme no primeiro trecho da Avenida Arthur Bernardes e em outros logradouros, como por exemplo: Avenida Felipe Uebe, Avenida Alberto Lamego, Avenida 28 de Março e Avenida Nilo Peçanha, desta forma, havendo possibilidades de interligação com outros eixos viários, como as ruas Saldanha Marinho e Dr. Raul Abbot Escobar (prolongamento da Rua Tenente Coronel Cardoso). A Avenida Arthur Bernardes, não é um túnel!

Após os setenta anos, não queremos lamentar que este importante arco perimetral não cumpre a sua vocação alternativa para os graves congestionamentos, hoje habituais em Campos. Desejamos que este setor de expansão seja confirmado como um novo paradigma de desenvolvimento urbano.

Abç.,

Renato César Arêas Siqueira
arquiteto e urbanista
perito técnico
professor bolsista UENF

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