Certa vez, conversando com ele, perguntei-lhe por que insistia em promover "Oficinas de Poesia"? Provoquei: você acha que alguém aprende a FAZER poesia? E ele, plácido, como sempre: "se não aprender a FAZER, vai aprender a LER poesia".
Reproduzo, com gratidão A Carta ao Poeta, da lavra de Walnize Carvalho:
Walnize Carvalho
Liga não, amigo! Devo-lhe esta homenagem... Sei o quanto ficava encabulado
quando era mencionado como “o poeta fidelense mais campista do Brasil”; e em
tantas vezes em que era convidado para participar de mesas acadêmicas como
personagem de destaque.
Pareço vê-lo corado, balançando negativamente a cabeça, preferindo ficar lá no
fundo da sala e, no meio da imortalidade, ser o mais simples dos mortais.
Lembro com nitidez de suas tiradas bem humoradas no nosso Café Literário
(tentei até em um dos fins-de-ano imitá-lo). Usando suspensório reproduzi suas
falas: “Não invejo quem tem carro novo, mulher bonita, boa conta bancária, mas
diante de uma trova bem feita não resisto...” E outras tantas que captei ao longo
de nossa convivência literária.
É isso, amigo! Você era multifacetado: excelente poeta, ótimo intérprete da
genuína poesia, bairrista, patriota (nos estimulou a cantar o hino de nossa
terra), contador de causos, conhecedor da boa literatura e dono de humor
refinado.
Não foram poucas as vezes em que em espaços diversos você mostrou a verve
humorística de meu pai (pouca conhecida) na interpretação de umas das esquetes
dele feitas para o rádio nos idos de 50, como “Doutor Mata A. Machado”. Sem
contar o carinho, o reconhecimento e a amizade que nutria por ele.
Inesquecível, ainda, a festa de comemoração de seus 80 anos junto com o
lançamento de seu último livro (“Se não me trai a memória”).
E a minha memória não me trai pois estão vivas as lembranças do quanto você
alastrou a poesia em cada canto que passou: escolas, livrarias, praças,
teatros, cemitérios, quartéis, asilos, templos, bairros, cidades, varandas e
quintais...
Mas – nem te conto, poeta – há um silêncio, um nó na garganta, um verso solto
no ar...
Sou-lhe grata, pois com seu incentivo aflorou meus sentimentos e tornaram
públicas minhas garatujas literárias no sempre lembrado Café Literário.
Aquiete-se, amigo, pois sabemos que ela, a POESIA, não pode e não deve fenecer.
No cosmos você nos observa como fazia quando nos convocava com vigor e alegria:
“Venha! Chega prá cá! O que você trouxe hoje para apresentar aqui prá gente?”
O silêncio. Hoje trouxe o silêncio. E com ele, a dor e a saudade.
Com seu aprendizado – esteja certo – tenho conseguido encontrar alguma rima
para meus versos.
Cá comigo: Viva Antonio Roberto Fernandes. (*) 31/05/1945 (*) Para Sempre!
Liga não, amigo! Devo-lhe esta homenagem... Sei o quanto ficava encabulado quando era mencionado como “o poeta fidelense mais campista do Brasil”; e em tantas vezes em que era convidado para participar de mesas acadêmicas como personagem de destaque.
Pareço vê-lo corado, balançando negativamente a cabeça, preferindo ficar lá no fundo da sala e, no meio da imortalidade, ser o mais simples dos mortais.
Lembro com nitidez de suas tiradas bem humoradas no nosso Café Literário (tentei até em um dos fins-de-ano imitá-lo). Usando suspensório reproduzi suas falas: “Não invejo quem tem carro novo, mulher bonita, boa conta bancária, mas diante de uma trova bem feita não resisto...” E outras tantas que captei ao longo de nossa convivência literária.
É isso, amigo! Você era multifacetado: excelente poeta, ótimo intérprete da genuína poesia, bairrista, patriota (nos estimulou a cantar o hino de nossa terra), contador de causos, conhecedor da boa literatura e dono de humor refinado.
Não foram poucas as vezes em que em espaços diversos você mostrou a verve humorística de meu pai (pouca conhecida) na interpretação de umas das esquetes dele feitas para o rádio nos idos de 50, como “Doutor Mata A. Machado”. Sem contar o carinho, o reconhecimento e a amizade que nutria por ele. Inesquecível, ainda, a festa de comemoração de seus 80 anos junto com o lançamento de seu último livro (“Se não me trai a memória”).
E a minha memória não me trai pois estão vivas as lembranças do quanto você alastrou a poesia em cada canto que passou: escolas, livrarias, praças, teatros, cemitérios, quartéis, asilos, templos, bairros, cidades, varandas e quintais...
Mas – nem te conto, poeta – há um silêncio, um nó na garganta, um verso solto no ar...
Sou-lhe grata, pois com seu incentivo aflorou meus sentimentos e tornaram públicas minhas garatujas literárias no sempre lembrado Café Literário.
Aquiete-se, amigo, pois sabemos que ela, a POESIA, não pode e não deve fenecer.
No cosmos você nos observa como fazia quando nos convocava com vigor e alegria: “Venha! Chega prá cá! O que você trouxe hoje para apresentar aqui prá gente?”
O silêncio. Hoje trouxe o silêncio. E com ele, a dor e a saudade.
Com seu aprendizado – esteja certo – tenho conseguido encontrar alguma rima para meus versos.