domingo, dezembro 29, 2013

A MALA DO ANO

(Do blog do Artur Xexéo, em O Globo)

Não dá para dizer que foi uma vitória acachapante. Não foi mesmo. Mas foi uma eleição da qual não resta a menor dúvida. Desde a primeira prévia, o nome dele estava lá na frente. Os votos pingaram com constância. Não teve pra mais ninguém. A eleição foi aberta, e o seu nome nunca deixou de ser votado. Foi justo. É a voz do povo. E a Mala do Ano é... Roberto Carlos.  

Verdade seja dita: o Rei nunca foi esquecido nas duas décadas que já duram a escolha da personalidade mais mala de cada ano. Ele sempre foi bem votado. Mas nunca teve força ou malice suficiente para chegar em primeiro lugar. Este ano, o Procure Saber ajudou. A guerra contra as biografias não autorizadas teve a sua parte. A entrevista no “Fantástico” em que dizia que era a favor das biografias não autorizadas, mas também era contra, comprovou que não é por acaso que Roberto prefere manter a boca fechada. Mas mala é mala até calado. E em 2013 Roberto Carlos ganhou o título que lhe faltava: é a Mala do Ano. E não se fala mais nisso. 

Como vice-mala, a frasqueira do ano, aparece uma cantora baiana. Cantoras baianas sempre se destacam na nossa eleição. Mas a deste ano quase venceu. Foi por uma cabeça. E, mais uma vez, seu pecado foi a superexposição. Daniela Mercury saiu do armário. Mas precisava ir a todos os programas de televisão mostrar a namorada e dizer o quanto está feliz? Resultado: ficou em segundo lugar. 
Completando o pódio, a pochete do ano é Paula Lavigne. O Procure Saber veio com força este ano. E dividiu os votos. Se a eleição se estendesse por mais algum tempo, talvez Paula escapasse do pódio. Ela chegou lá, sem dúvida, por ter sido a porta-voz do movimento contra as biografias autorizadas. Mas, nos últimos dias, aumentou o número de votos para o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, mais conhecido como Kakay, que substituiu a Lavigne nessa amarga tarefa. Mas não deu tempo nem de ficar entre os dez mais. Deixa pro ano que vem, Kakay. 
 O quarto lugar e a quinta colocação são, respectivamente, do ministro Joaquim Barbosa e do ex-futuro gerente de hotel José Dirceu. O eleitor não perdoou o mensalão. Nem pensou em quem era juiz ou quem era criminoso. A mala do ano não tem ideologia. Joaquim Barbosa é mala! Zé Dirceu também! Separados no tribunal, os dois se igualam em índice de chatice. Vale lembrar que, no ano passado, quando Ricardo Lewandowski ganhou o título, Barbosa ficou em segundo lugar. Ele está merecendo. 
Pastor evangélico e nobre deputado, Marco Feliciano ficou com o sexto lugar. Foi uma mala meteórica. Irritou nossos eleitores quando ganhou a presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados e, imediatamente, expôs sua posição contra os direitos dos gays. Agora, vem cá, o cara é presidente da Comissão das Minorias e é contra os gays? É mala! O bom é que, tendo assumido a Comissão em março, o deputado encerrou o ano fora da Comissão. Só deu tempo de entrar entre os dez mais malas de 2013. Chupa essa, Feliciano! 

Em sétimo lugar, ficou o político preso José Genuíno. Como se vê, só deu julgamento do mensalão este ano. Em oitavo, Caetano Veloso. Bem, só deu julgamento do mensalão e Procure Saber. Em nono, uma mala-baú, um contêiner, o grupo dos Black Blocs. E, para fechar a tampa, aquele que ficou em décimo lugar, quase escapou da honraria, mas nem por isso deixa de ser mala, o prefeito Eduardo Paes. Há malas que são bonitinhas, mas ordinárias. Há malas que são só ordinárias. Se o Rio já foi esse caos em 2013, imagina na Copa!

Fonte: O Globo.

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