Há pessoas que se identificam tanto com o lugar onde vivem e não, necessariamente, nasceram ali, que passam a fazer parte da paisagem, da geografia, da história. Viram patrimônio humano. São Paulo é Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Adoniram Barbosa, Rita Lee, Silvio Santos, Paulo Maluf e Hebe, entre outros naturalmente.
E essa identidade não é medida com régua moralista ou politicamente correta. É identidade cultural.
Por isso me ocorre, hoje, com a morte de Hebe, lembrar de uma poesia-testamento de Mario de Andrade:
Quando eu morrer quero ficar:
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.
Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...
Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.
Mário de Andrade
Hebe era(É)um grande exemplo de consciencia de que a vida é para ser VIVIDA com muito humor e sem rancor.
ResponderExcluirQue descance em paz( se é que deseja descansar não é mesmo ?)