O deputado federal Anthony Garotinho, PR, cumpre, no momento, o papel que mais lhe seduz, o de franco acusador. Dispara denuncias de toda ordem contra seus inimigos, em especial, o governador Sérgio Cabral, PMDB, de quem fugiu da última disputa eleitoral, no Estado.
Na ocasião, alegou a existência de um complô, com tentáculos de todos os poderes, com financiamento dos grandes capitais, nacional e internacional conspirando contra seu projeto de tentar voltar ao governo do Rio e arranjou uma porta dos fundos para preservar sua imagem de vítima e, principalmente, correr do embate. Na ocasião era o terceiro na pesquisa eleitoral.
Naquelas eleições as probabilidades de uma vitória sua eram as mesmas do sargento Garcia prender o Zorro.
Agora, com a imunidade parlamentar de deputado federal, resultado de uma campanha que teve forma, cheiro e conteúdo de uma disputa para o cargo de governador (Peregrino, o candidato oficial foi, na verdade, coadjuvante), Garotinho volta suas baterias de guerra eleitoral para a sucessão de Cabral. É esse o sentimento que lhe move. É essa a ambição que persegue, obcecadamente.
Garotinho é um ativista eleitoral. E só.
Em sua gana denuncista, não poupa nem o Papa. Até uma suposta rusga doméstica do governador, vira alvo despudorado de seus ataques viscerais. É o vale tudo!
Sua performance já é velha conhecida. Aqui, na Vila, produz algum efeito, mas na metrópole, onde a geopolítica é outra, sua gritaria é olimpicamente ignorada.
Se o que denuncia é verdade, falta ouvir o contraditório, caberá aos órgãos de Segurança apurar e o Judiciário julgar, por fim. Mas não é isso que interessa ao deputado, o que ele quer é, exatamente, a exposição da acusação no grande tribunal da mídia. É produzir o estrago, nodoar a biografia do adversário.
Na verdade, esta sanha persecutória de Garotinho contra Cabral tem um componente corrosivo, a velha e indefectível inveja. Quando governou o Estado por 8 anos, 4 como governador e 4 como eminência parda achatou todos os índices de desenvolvimento, foi capitão de obras michas. Nunca esteve à altura do cargo que ocupou.
Ver o Rio de Janeiro de volta ao roteiro das grandes produções internacionais no esporte, nas artes, perceber políticas públicas em todas as áreas muito mais produtivas das que tentou implementar, atiça seu ódio político e espanta de vez uma acalentada pretensão, suma pretensão, de um dia voltar ao Palácio Guanabara.