segunda-feira, abril 26, 2010

APRESSADA

O episódio que envolveu um acadêmico e uma médica, no Posto de Urgência de Guarús, segundo o qual, o estudante prescreveu uma receita, supostamente, assinada pela doutora, estabeleceu um cabo de guerra entre o governo municipal e a classe médica. No meio do confronto de força, justamente na parte mais tensionada do embate, está a sociedade desassistida – Os SUSsianos.
O que se percebe do caso é que, ou a prefeita agiu com pressa, ao passar o repto público nos envolvidos e determinar que a denúncia abrisse boletins de ocorrência na Delegacia de Polícia e Ministério Público, ou desconsiderou os conselhos do seu pessoal da área – secretário de saúde, vice-prefeito e presidente da Fundação que gerencia os Postos de Urgência. Sim porque, os médicos oficiais, experientes, sabem que os acadêmicos são indispensáveis no atendimento primário. Sabem que o fato era corriqueiro e continua sendo. E mais, há quem diga que, sem eles (os acadêmicos) o sistema não funciona – o público e o privado.
A valentia da prefeita em anunciar a sentença, antes do julgamento, revelou-se baldia.
O gesto, por sua vez, desencadeou a velha e surrada tradição coorporativa dos médicos e o sindicato programou uma assembléia, que já se anuncia incendiária. Os doutores vão exigir retratação pública e ampliar a discussão sobre o modelo de atendimento à saúde. Eles sabem das coisas. Em suas mãos chegam, primeiro, as dores e angústias da população, da famosa base da pirâmide, responsável direta pela eleição dos governantes.
O fato em si, que merecia um inquérito administrativo e após a investigação, o melhor encaminhamento, virou enredo para uma novela de final ainda imprevisível. Foi super dimensionado pela mídia e pelas paixões político-partidárias, além do que, revelador. Foi a primeira vez que um governo atira, voluntariamente, no próprio pé. A denúncia foi feita por uma assessora da prefeita, com assento em cargo de confiança da secretaria de Trabalho e Renda, depois de consultar a própria prefeita pelo telefone.
Agora, apreensivos SUSsianos, não cabe mais apenas o resultado prático da apuração do episódio, o que está sendo aguardado é o final do confronto entre governo e classe médica. Quem cairá? E caia quem cair, a conta será paga por vós. Como sempre.

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